quarta-feira, 29 de maio de 2013

Seguranças particulares protegem restos mortais de Jango

A prefeitura da cidade gaúcha de São Borja (594 km de Porto Alegre), na fronteira com a Argentina, resolveu agir por conta própria e reforçar a segurança no cemitério Jardim da Paz. Depois que a CNV (Comissão Nacional da Verdade) divulgou que pretende exumar o corpo do ex-presidente João Goulart para tentar identificar vestígios de veneno que o tivesse levado à morte, em 1976, o receio de que o jazigo da família seja danificado por vândalos alertou o prefeito Antônio Carlos Almeida (PDT).  
"Vai que alguém invente de violar ou mexer no túmulo, e a prefeitura não fizer sua parte de proteção e controle? Preferimos evitar qualquer tipo de transtorno", disse Almeida, que disse estar gastando cerca de R$ 3.000 mensais para a vigilância. O imponente jazigo da família Goulart é ponto de visita do município, até porque, ao lado de Jango, jaz também o ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro Leonel Brizola.
O Executivo municipal fez dois pedidos de auxílio a quem entendeu ser responsável pela segurança por direito: a BM (Brigada Militar) e ao Exército. Desde o dia 13 de maio, quando as solicitações formais foram enviadas, o prefeito aguarda uma resposta.
Entretanto, informalmente, Exército e o comando dos brigadianos já disseram que não pretendem destacar seus quadros para a segurança dos mortos ilustres. A BM afirma que não tem como destinar soldados especificamente para cuidar o túmulo, enquanto o Exército, que a área não pertence à sua jurisdição. Há 10 dias seguranças de uma empresa privada se dividem em turnos para resguardar a integridade do jazigo da família Goulart - até agora, sem registrar nenhum contratempo.

Onde fica

  • Arte UOL São Borja está a 594 km de Porto Alegre

Sob suspeita

Jango morreu em dezembro 1976, no exílio, na Argentina, quando preparava seu retorno ao Brasil. A história oficial conta que o ex-presidente perdeu a vida após um ataque cardíaco. Por outro lado, ganha força a hipótese de que Jango tenha sido envenenado por agentes da ditadura militar uruguaia, a pedido dos colegas brasileiros, dentro da Operação Condor (aliança entre as ditaduras militares da América do Sul, com o intuito de eliminar opositores).
Essa nova leitura ganhou força há poucos anos, quando o ex-agente da ditadura uruguaia Mário Neira Barreiro voltou à imprensa defendendo que o ex-presidente havia sido assassinado - ele teria tomado uma cápsula com veneno escondida em seus comprimidos para o coração. Preso em um albergue de regime semiaberto, em Porto Alegre, Barreiro deu entrevistas dando detalhes da suposta operação de assassinato de Jango - cujo retorno ao Brasil era temido pelos generais.
No início do mês, a CNV e o MPF (Ministério Público Federal) informaram que pretendem exumar o corpo de Jango. Uma força-tarefa de peritos internacionais, entre eles, russos, está sendo organizada para viajar a São Borja. Além da CNV, da Secretaria de Direitos Humanos, da PF (Polícia Federal), da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, devem participar da exumação representantes da Cruz Vermelha Internacional. O procedimento, entretanto, ainda depende de autorização da Justiça, o que deve ocorrer até agosto.
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Quem sou eu

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.