quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Senador Paulo Paim: Pré-Candidato a Presidente da República


Me sinto em condição de saber administrar ou governar


01 de fevereiro de 2009 - ELEIÇÕES 2010 - Entrevista - Zero Hora

Com discrição, o senador Paulo Paim (PT) liberou entidades de aposentados e negros a iniciar uma cruzada nos Estados e na internet para disseminar a possibilidade de sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2010.

– Para mim, é uma alegria. Me vejo em um bom momento da política – afirmou o petista.

Na tarde de sexta-feira, Paim estava em seu gabinete em Brasília. O parlamentar conversou por telefone com Zero Hora por 30 minutos sobre o movimento favorável ao seu nome para a Presidência. A seguir, a síntese da entrevista:

Zero Hora – O senhor quer disputar a vaga de candidato do PT à Presidência?

Paulo Paim – Não é questão de querer ou não. Todo homem público, naturalmente, vê com satisfação o seu nome levantado para candidato ao maior cargo do país. Quem não ficaria feliz com isso? Se dissesse o contrário, estaria mentindo. Nem por isso tenho de sair por aí fazendo campanha.

ZH – Supondo que o seu nome ganhe força nos Estados e na internet, o senhor aceitaria postular a candidatura?

Paim – Eles (movimentos sociais) dizem que farão toda a mobilização e virão me procurar para demonstrar a viabilidade da candidatura. Daí, analisarei o quadro.

ZH – Simpatizantes dizem que o senhor estimulou a campanha.

Paim – A base social não depende da tua vontade. Ela se articula e aponta caminhos com os quais aquele que estiver na frente concorda ou não. O movimento surgiu de lá para cá. Em nenhum momento pensei em ser candidato à Presidência. Preparei a minha reeleição ao Senado. Essa base social mostra que quer me impulsionar para um cargo majoritário. Não vou frustar o direito de eles fazerem esse debate, que pode impulsionar o meu nome ou outros.

ZH – Entidades como a Unegro e o Movimento de Consciência Negra Palmares afirmam que o senhor quer que se faça a campanha. Há até uma comunidade oficial no Orkut chamada Paim presidente.

Paim – Isso é improcedente. No Orkut, há diversas iniciativas de “Paim presidente” pelo meu trabalho na Câmara e no Senado. Tu achas que eu teria capacidade, como um senador sem um centavo, de articular tudo isso de forma gigantesca? Só se fosse mágico e tivesse varinha mágica. Imagina se vou criar comunidade. Ninguém discutiu isso comigo.

ZH – O senhor acredita que é possível ser o primeiro negro presidente do Brasil?

Paim – Acredito que um dia o Brasil poderá ter um presidente negro e uma mulher. Quem acreditava que nos Estados Unidos, onde o preconceito racial é forte, seria eleito um negro com esse charme, força e competência? Se na maior potência do planeta aconteceu, por que não pode ocorrer no Brasil? Mas não sei quem será esse presidente negro.

ZH – Esse presidente negro pode ser o senhor?

Paim – Sou o único senador negro. O pessoal faz alguma vinculação porque Obama era senador e também era ligado aos direitos humanos. O processo de construção vai apontar o caminho. Mas pode ser Paulo, Pedro ou João.

ZH – O senhor se considera o Obama brasileiro, como dizem seus apoiadores?

Paim – Me considero Paulo Renato Paim, gaúcho, nascido em Caxias do Sul. Tenho carinho e respeito por Obama. Mas ninguém deve ou pode querer ser cópia de outro.

ZH – Por que o movimento ocorre sem o conhecimento da cúpula do PT?

Paim– Existe uma indicação do partido, não-oficial ainda, que respeito muito (Dilma Rousseff). Eu mesmo tenho advogado publicamente o nome da Dilma. Os movimentos sociais e outros setores estão preocupados com esse debate. Eles entendem talvez que outros nomes devem ser levantados.

ZH – O senhor pretende conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

Paim – Esse movimento está tomando mais corpo neste momento. Esperarei para ver até aonde vai. Até março ou abril, haverá um quadro melhor. Se esse movimento tiver força em nível nacional, é natural dialogar com os líderes do PT. Se provocado, tenho obrigação de dialogar com os partidos aliados. Defendo uma política de alianças ampla.

ZH – O senhor conversou com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, provável candidata do PT?

Paim – Não. Todas as vezes que estive no palanque sempre foi elogiando ou defendendo o nome dela.

ZH – Se necessário, o senhor estaria disposto a disputar uma prévia com a ministra?

Paim – Não disputaria prévia. Sou contra prévia. A sociedade organizada por si só deve apontar o caminho de quem deva ser o candidato, fruto da política de aliança do PT.

ZH – O seu objetivo é ganhar visibilidade e se cacifar como candidato ao Palácio Piratini?

Paim – Não trabalho com essa hipótese. Eu preparei com muito carinho a minha reeleição para o Senado.

ZH – O senhor está preparado para governar?

Paim – Depois de tantos anos na vida pública, me sinto em condição de saber administrar ou governar de forma coletiva.

MARCIELE BRUM- marciele.brum@zerohora.com.br

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.