6 de março de 2013
O deputado federal e presidente do PDT de Porto Alegre Vieira da Cunha enviou nesta terça-feira (5) uma carta aberta ao ex-deputado estadual pedetista Carlos Araújo. No documento, Vieira crítica as declarações feitas por Araújo à imprensa e sua ausência do partido. Vieira também afirma que o retorno de Araújo, previsto para ocorrer em março, “não seria construtivo”.
Íntegra da carta:
CARTA ABERTA AO EX-PEDETISTA CARLOS ARAÚJO
Brasília, 05 de março de 2013.
Prezado Araújo:
Resolvi te escrever em função da última entrevista que concedeste à imprensa sobre o PDT, mais uma vez para criticar e desmerecer o Partido e sua direção.
Inicio esta carta aberta te repetindo o que disse pessoalmente quando te visitei: como seria bom, face a tua história de militância, te receber de volta ao Partido de braços abertos!
Infelizmente, porém, quanto mais eu leio tuas declarações, mais me convenço de que o teu retorno não seria construtivo para o nosso Partido.
Já temos “inimigos na trincheira” de sobra. Alguns, inclusive, porque têm o sobrenome Brizola, se julgam acima do bem e do mal, dão-se ao direito de ofender publicamente a honra do presidente do Partido e a minha. São teus “protegidos”, sob tua orientação e aconselhamento, expondo publicamente o PDT com atitudes antiéticas e criminosas, pelas quais responderão nos foros próprios.
Deixaste o partido no final do ano 2000. Uma pergunta se impõe: que legitimidade tem para criticar a direção do PDT alguém que se desfiliou do partido há mais de 12 anos?
Após tentares duas vezes a Prefeitura de Porto Alegre (a segunda com o Vereador Vieira da Cunha como vice, lembras?), eu concorri a Prefeito em 1996, e, no ano 2000, disputei, com o teu apoio, do Sereno, do Milton e da Dilma, uma acirrada prévia com o Collares.
Ele ganhou – 2400 a 2000 votos – e foi o candidato do PDT a Prefeito de Porto Alegre.
Foi aí que nos separamos.
Eu fiquei com o Partido. Respeitei a decisão dos nossos filiados. Fui coordenar a campanha do Collares.
Tu preferiste a desfiliação e o apoio público ao candidato do PT, Tarso Genro.
Tu, estes anos todos, optaste pelo teu escritório privado de advocacia, e eu, o Lupi e tantos outros, permanecemos na mesma trincheira de luta, no PDT, nosso primeiro e único partido, defendendo os mesmos ideais, sempre ao lado e sob a liderança de Leonel Brizola.
Brizola morreu em 2004. Muitos disseram que o PDT seria enterrado com ele, inclusive – para o meu desgosto – nosso amigo em comum, Flávio Tavares.
Tempos difíceis. Nós, amassando barro e, outros, na comodidade dos escritórios acarpetados.
Veio a cláusula de barreira (depois julgada inconstitucional pelo STF) e concorri, em 2006, a deputado federal, mesmo contra a vontade de minha família, para dar a minha contribuição à sobrevivência do Partido. Onde estavas?
Chega 2010. Não titubeamos em apoiar a Dilma, apesar de ela ter nos deixado no final do ano 2000, junto contigo.
Mesmo com prejuízo eleitoral, defendi a candidatura da Dilma, abri e mantive comitês no primeiro e segundo turnos, e não me arrependo. Sei que a presidência está em boas mãos. Me orgulho de ter contribuído para eleger a primeira Presidenta da história da República do Brasil.
Preparo-me agora para ser candidato a Governador.
Defendo a candidatura própria, e vou disputar a Convenção no ano que vem.
Com a espetacular vitória do Fortunati (onde estavam tu e teus protegidos, notadamente a deputada Juliana? Não vi vocês em nenhum ato da campanha), 70 Prefeitos conquistados no RS, inclusive Caxias, entendo que o PDT não pode continuar no papel de coadjuvante na política gaúcha.
Temos história, representatividade e lideranças para ter uma candidatura competitiva ao Governo do Estado, embora tu não reconheças, o que é compreensível para quem está há tanto tempo fora do Partido.
Estou convicto de que a candidatura própria ao Governo do Estado será mais um passo importante para fortalecer o Trabalhismo.
Apesar da omissão de pessoas como tu nos anos mais difíceis, o PDT cresce e se afirma cada vez mais como uma das principais forças político-partidárias do Rio Grande e do País.
Temos um passado que nos orgulha e, com um presente de muito trabalho, construiremos um futuro promissor para o Trabalhismo.
Quem viver, verá!
Fraterno abraço,
VIEIRA DA CUNHA
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