quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Tarso diz que aceita ‘dividir’ Dilma com o rival Fogaça

Ricardo Nogueira/Folha
“Quanto mais palanques nossa candidata tiver, melhor para o PT e para o Brasil”.



Pronunciada por Tarso Genro, a frase aponta para a perspectiva de uma composição inédita na política do Rio Grande do Sul.



Velhos rivais no Estado, PT e PMDB podem se apresentar aos eleitores gaúchos com uma face comum: o apoio à presidenciável Dilma Rousseff.



A novidade tornou-se possível graças a uma meia-volta ensaiada pelo prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, do PMDB, também candidato ao governo gaúcho.



Fogaça era tido como provável aliado de José Serra, o rival tucano de Dilma. Porém...



Porém, passou a defender nos últimos dias a tese de que o PMDB gaúcho deve se submeter à decisão de sua direção nacional, que pende para Dilma.



Daí a declaração de Tarso, favorável à adoção da tática do palanque presidencial duplo no Rio Grande do Sul.



Primeiro ministro de Lula a trocar a Esplanada pelos palanques, Tarso foi recepcionado em Porto Alegre com honras de candidato.



Voou para a capital gaúcha logo depois da cerimônia em que Lula transferiu o cargo de ministro da Justiça a Luiz Paulo Barreto, funcionário de carreira da pasta.



Já no aeroporto, Tarso foi recepcionado por dezenas de militantes petistas. À noite, foi a um jantar. Presente a nata do petismo gaúcho.



O repasto teve triplo objetivo: reafirmar a candidatura de Tarso ao governo gaúcho, celebrar os 30 anos do PT e empossar a nova direção do partido.



Tarso mergulha na campanha justamente no momento em José Fogaça, seu rival mais forte, ensaia o apoio a Dilma.



Fogaça divide com Tarso a liderança nas pesquisas. Ambos medem forças para atrair para as respectivas coligações o PDT.



Integrante da gestão de Fogaça na prefeitura, o PDT parece mais próximo de acertar-se com ele do que com Tarso.



Fechado com Dilma, o ministro Carlos Lupi (Trabalho), mandachuva do PDT, impôs como condição o apoio de Fogaça a Dilma. Daí o vaivém do prefeito.



Na hipótese de vingar a política dos dois palanques, o eleitor gaúcho será submetideo a uma campanha sui generis.



Tarso diz que o apoio de Lula é dele. E afirma que não abre mão de fazer reparos à gestão tucana de Yeda Crusius, apoiada pelo PMDB, e à própria gestão Fogaça.



Quanto a Fogaça, disse há dois dias que mantém com Dilma e com o próprio Lula uma ótima relação. Na campanha, não terá como fugir dos ataques a Tarso e ao PT.



Coisas da política brasileira. Pela lei, as coligações costuradas em âmbito nacional não precisam ser repetidas nos Estados.



Assim, os partidos podem se associar a uma mesma candidatura presidencial e, simultaneamente, se estapear nos ringues estaduais.



A despeito da aparente disposição de Tarso de "dividir" Dilma com Fogaça, a base do petismo torce o nariz para a operação.



Dá-se o mesmo ao redor de Fogaça. Um pedaço do PMDB gaúcho ainda prefere Serra a Dilma. O prefeito não operará a mudança sem derramar algum suor.



Se como for, aos olhos de hoje a cena gaúcha parece sorrir para Dilma, prestes a obter duas vitrines num Estado em que, na sucessão de 2006, o tucano Geraldo Alckmin prevaleceu sobre Lula.



Pior para Serra, que pode ser compelido a contentar-se com o palanque reeleitoral de Yeda Crusius, frequentadora das últimas posiçõoes nas pesquisas eleitorais.



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Escrito por Josias de Souza às 05h20

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.