Apelidada por um professor português, a "rua mais bonita do mundo" ganhou fama pela internet e pelas redes sociais e agora é parada obrigatória para os turistas que visitam Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Calma e arborizada, a Rua Gonçalo de Carvalho fica na divisa dos bairros Independência e Floresta. Decretada Patrimônio Histórico, Cultural, Ecológico e Ambiental do município em junho de 2006, ficou conhecida não só pelas árvores que formam um túnel verde em sua extensão, mas também pela luta pela preservação mantida há anos pelos moradores e até por quem não reside nela.
Sob sol forte e temperatura de mais de 30°C, o G1 visitou o local na última semana. Em uma hora, pelo menos três grupos foram vistos fotografando as árvores na Gonçalo de Carvalho. "Vi uma matéria na televisão e procurei na internet. Eu tinha que vir conhecer, é muito bonita mesmo", disse o mineiro de Belo Horizonte Thiago Prisco, 27 anos, que curte férias com o amigo Antônio Luiz Balbino Neto, 28. Em meio aos visitantes, os moradores caminham tranquilamente com seus animais de estimação. Carros transitam frequentemente na rua, mas o volume de ruídos parece menor a quem anda pelo local. A sensação é que as árvores abafam o barulho. E é possível ouvir o canto dos pássaros.
Os turistas mineiros sabiam, sem muitos detalhes, de algumas das histórias da rua. A Gonçalo começou a ganhar fama em 2005, quando moradores e admiradores do local se uniram para impedir a construção de um estacionamento. O projeto previa a remoção de algumas árvores, além da colocação de asfalto no lugar dos tradicionais paralelepípedos do local - que sugam a água da chuva e a armazena no solo, ajudando na irrigação das árvores.
"Depois de muita luta, o caso foi para a Justiça e a construtora desistiu do projeto. Não demorou muito para a rua virar Patrimônio Ambiental de Porto Alegre", orgulha-se o artista gráfico Cesar Cardia, um dos principais defensores da Gonçalo, e que não mora na rua.
Cardia mantém o blog Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho, onde reúne material sobre a preservação da rua. Ele faz parte também da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Independência (Amabi). "Quando a principal liderança da rua morreu, o dentista Haeni Ficht, passei a cuidar mais da associação. Chegavam e-mails de fora de Brasil e até de outros países. Nem sabíamos como ficavam sabendo da rua", lembra.
Com as publicações na internet, textos e imagens sobre a rua se espalharam. Em 2008, o blog catalão Amics arbres (Amigos das árvores) escreveu sobre a Gonçalo. Pouco depois, o blog português A sombra verde também divulgou o local e a apelidou de rua mais bonita do mundo. A partir disso não demorou muito para a Gonçalo virar assunto na imprensa e atrair mais visitantes.
Imobiliárias de Porto Alegre não conseguem fazer um levantamento sobre a valorização da Gonçalo de Carvalho desde que virou patrimônio. Em contato com o G1, as explicações chegam quase sempre ao mesmo fim: não há uma quantidade considerável de ofertas na rua. “Os moradores são antigos, moram em suas residências e apartamentos há anos”, informou a imobiliária Lopes.
Sob os cuidados dos moradores
Segundo Cardia, foram os moradores que ajudaram a plantar, há mais de 70 anos, as árvores que hoje formam o túnel verde. As tipuanas são altas, com galhos e folhas grandes, que se espalham no alto dos troncos. No verão, a sombra predomina, enquanto no inverno o sol aparece, já que praticamente todas as folhas caem.
A dedicação mantida pelos moradores faz com que eles se sintam atingidos quando alguém comete algum ato de vandalismo. Uma das árvores, que fica em frente a um dos acessos a um shopping da região, está queimada e pichada. Outra, no lado oposto da rua, tem um cartaz pregado com aviso sobre onde colocar o lixo. A placa colocada em um banco de concreto pela Prefeitura, com a identificação de Patrimônio Ambiental, já teve de ser recolocada mais de três vezes.
Passeio com crianças e animais de estimação
Além dos turistas, moradores da região também aproveitam a paisagem para passeios com crianças ou animais de estimação. "Procuramos um lugar para morar durante dois anos. Nossa escolha foi pelas árvores", diz o professor Ney Francisco Ferreira, de 44 anos, que reside na rua com a mulher, um filho e um cachorro.
A família já se acostumou com a presença de curiosos na Gonçalo: "Todos os dias tem gente tirando fotos aqui, virou uma normalidade", conta Ferreira. Assim como ele, o médico Luis Aranzibia, de 70 anos, boliviano que vive há 40 anos no Brasil e há 14 na Gonçalo de Carvalho, aproveita as horas vagas para passear. "Escolhi morar aqui por opção, a área verde chamou a atenção", lembra.
Sob sol forte e temperatura de mais de 30°C, o G1 visitou o local na última semana. Em uma hora, pelo menos três grupos foram vistos fotografando as árvores na Gonçalo de Carvalho. "Vi uma matéria na televisão e procurei na internet. Eu tinha que vir conhecer, é muito bonita mesmo", disse o mineiro de Belo Horizonte Thiago Prisco, 27 anos, que curte férias com o amigo Antônio Luiz Balbino Neto, 28. Em meio aos visitantes, os moradores caminham tranquilamente com seus animais de estimação. Carros transitam frequentemente na rua, mas o volume de ruídos parece menor a quem anda pelo local. A sensação é que as árvores abafam o barulho. E é possível ouvir o canto dos pássaros.
Os turistas mineiros sabiam, sem muitos detalhes, de algumas das histórias da rua. A Gonçalo começou a ganhar fama em 2005, quando moradores e admiradores do local se uniram para impedir a construção de um estacionamento. O projeto previa a remoção de algumas árvores, além da colocação de asfalto no lugar dos tradicionais paralelepípedos do local - que sugam a água da chuva e a armazena no solo, ajudando na irrigação das árvores.
"Depois de muita luta, o caso foi para a Justiça e a construtora desistiu do projeto. Não demorou muito para a rua virar Patrimônio Ambiental de Porto Alegre", orgulha-se o artista gráfico Cesar Cardia, um dos principais defensores da Gonçalo, e que não mora na rua.
Cardia mantém o blog Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho, onde reúne material sobre a preservação da rua. Ele faz parte também da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Independência (Amabi). "Quando a principal liderança da rua morreu, o dentista Haeni Ficht, passei a cuidar mais da associação. Chegavam e-mails de fora de Brasil e até de outros países. Nem sabíamos como ficavam sabendo da rua", lembra.
Com as publicações na internet, textos e imagens sobre a rua se espalharam. Em 2008, o blog catalão Amics arbres (Amigos das árvores) escreveu sobre a Gonçalo. Pouco depois, o blog português A sombra verde também divulgou o local e a apelidou de rua mais bonita do mundo. A partir disso não demorou muito para a Gonçalo virar assunto na imprensa e atrair mais visitantes.
Imobiliárias de Porto Alegre não conseguem fazer um levantamento sobre a valorização da Gonçalo de Carvalho desde que virou patrimônio. Em contato com o G1, as explicações chegam quase sempre ao mesmo fim: não há uma quantidade considerável de ofertas na rua. “Os moradores são antigos, moram em suas residências e apartamentos há anos”, informou a imobiliária Lopes.
Sob os cuidados dos moradores
Segundo Cardia, foram os moradores que ajudaram a plantar, há mais de 70 anos, as árvores que hoje formam o túnel verde. As tipuanas são altas, com galhos e folhas grandes, que se espalham no alto dos troncos. No verão, a sombra predomina, enquanto no inverno o sol aparece, já que praticamente todas as folhas caem.
A dedicação mantida pelos moradores faz com que eles se sintam atingidos quando alguém comete algum ato de vandalismo. Uma das árvores, que fica em frente a um dos acessos a um shopping da região, está queimada e pichada. Outra, no lado oposto da rua, tem um cartaz pregado com aviso sobre onde colocar o lixo. A placa colocada em um banco de concreto pela Prefeitura, com a identificação de Patrimônio Ambiental, já teve de ser recolocada mais de três vezes.
Passeio com crianças e animais de estimação
Além dos turistas, moradores da região também aproveitam a paisagem para passeios com crianças ou animais de estimação. "Procuramos um lugar para morar durante dois anos. Nossa escolha foi pelas árvores", diz o professor Ney Francisco Ferreira, de 44 anos, que reside na rua com a mulher, um filho e um cachorro.
A família já se acostumou com a presença de curiosos na Gonçalo: "Todos os dias tem gente tirando fotos aqui, virou uma normalidade", conta Ferreira. Assim como ele, o médico Luis Aranzibia, de 70 anos, boliviano que vive há 40 anos no Brasil e há 14 na Gonçalo de Carvalho, aproveita as horas vagas para passear. "Escolhi morar aqui por opção, a área verde chamou a atenção", lembra.