Pampa
O Pampa está restrito ao estado do Rio
Grande do Sul, onde ocupa uma área de 176.496 km² (IBGE, 2004). Isto
corresponde a 63% do território estadual e a 2,07% do território
brasileiro. As paisagens naturais do Pampa são variadas, de serras a
planícies, de morros rupestres a coxilhas. O bioma exibe um imenso
patrimônio cultural associado à biodiversidade. As paisagens naturais do
Pampa se caracterizam pelo predomínio dos campos nativos, mas há também
a presença de matas ciliares, matas de encosta, matas de pau-ferro,
formações arbustivas, butiazais, banhados, afloramentos rochosos, etc.
Por ser um conjunto de ecossistemas
muito antigos, o Pampa apresenta flora e fauna próprias e grande
biodiversidade, ainda não completamente descrita pela ciência.
Estimativas indicam valores em torno de 3000 espécies de plantas, com
notável diversidade de gramíneas, são mais de 450 espécies
(campim-forquilha, grama-tapete, flechilhas, brabas-de-bode, cabelos
de-porco, dentre outras). Nas áreas de campo natural, também se destacam
as espécies de compostas e de leguminosas (150 espécies) como a
babosa-do-campo, o amendoim-nativo e o trevo-nativo. Nas áreas de
afloramentos rochosos podem ser encontradas muitas espécies de
cactáceas. Entre as várias espécies vegetais típicas do Pampa vale
destacar o Algarrobo (Prosopis algorobilla) e o Nhandavaí (Acacia
farnesiana) arbusto cujos remanescentes podem ser encontrados apenas no
Parque Estadual do Espinilho, no município de Barra do Quaraí.
A fauna é expressiva, com quase 500
espécies de aves, dentre elas a ema (Rhea americana), o perdigão
(Rynchotus rufescens), a perdiz (Nothura maculosa), o quer-quero
(Vanellus chilensis), o caminheiro-de-espora (Anthus correndera), o
joão-de-barro (Furnarius rufus), o sabiá-do-campo (Mimus saturninus) e o
pica-pau do campo (Colaptes campestres). Também ocorrem mais de 100
espécies de mamíferos terrestres, incluindo o veado-campeiro (Ozotoceros
bezoarticus), o graxaim (Pseudalopex gymnocercus), o zorrilho
(Conepatus chinga), o furão (Galictis cuja), o tatu-mulita (Dasypus
hybridus), o preá (Cavia aperea) e várias espécies de tuco-tucos
(Ctenomys sp). O Pampa abriga um ecossistema muito rico, com muitas
espécies endêmicas tais como: Tuco-tuco (Ctenomys flamarioni), o
beija-flor-de-barba-azul (Heliomaster furcifer); o
sapinho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus atroluteus) e algumas
ameaçadas de extinção tais como: o veado campeiro (Ozotocerus
bezoarticus), o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), o
caboclinho-de-barriga-verde (Sporophila hypoxantha) e o
picapauzinho-chorão (Picoides mixtus) (Brasil, 2003).
Trata-se de um patrimônio natural,
genético e cultural de importância nacional e global. Também é no Pampa
que fica a maior parte do aquífero Guarani.
Desde a colonização ibérica, a pecuária
extensiva sobre os campos nativos tem sido a principal atividade
econômica da região. Além de proporcionar resultados econômicos
importantes, tem permitido a conservação dos campos e ensejado o
desenvolvimento de uma cultura mestiça singular, de caráter
transnacional representada pela figura do gaúcho.
A progressiva introdução e expansão das
monoculturas e das pastagens com espécies exóticas têm levado a uma
rápida degradação e descaracterização das paisagens naturais do Pampa.
Estimativas de perda de hábitat dão conta de que em 2002 restavam 41,32%
e em 2008 restavam apenas 36,03% da vegetação nativa do bioma Pampa
(CSR/IBAMA, 2010).
A perda de biodiversidade compromete o
potencial de desenvolvimento sustentável da região, seja perda de
espécies de valor forrageiro, alimentar, ornamental e medicinal, seja
pelo comprometimento dos serviços ambientais proporcionados pela
vegetação campestre, como o controle da erosão do solo e o sequestro de
carbono que atenua as mudanças climáticas, por exemplo.
Em relação às áreas naturais protegidas
no Brasil o Pampa é o bioma que menor tem representatividade no Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), representando apenas 0,4% da
área continental brasileira protegida por unidades de conservação. A
Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da qual o Brasil é
signatário, em suas metas para 2020, prevê a proteção de pelo menos 17%
de áreas terrestres representativas da heterogeneidade de cada bioma.
As “Áreas Prioritárias para Conservação,
Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade
Brasileira”, atualizadas em 2007, resultaram na identificação de 105
áreas do bioma Pampa, destas, 41 (um total de 34.292 km2) foram
consideradas de importância biológica extremamente alta.
Estes números contrastam com apenas 3,3%
de proteção em unidades de conservação (2,4% de uso sustentável e 0,9%
de proteção integral), com grande lacuna de representação das principais
fisionomias de vegetação nativa e de espécies ameaçadas de extinção da
fauna e da flora. A criação de unidades de conservação, a recuperação de
áreas degradadas e a criação de mosaicos e corredores ecológicos foram
identificadas como as ações prioritárias para a conservação, juntamente
com a fiscalização e educação ambiental.
O fomento às atividades econômicas de
uso sustentável é outro elemento essencial para assegurar a conservação
do Pampa. A diversificação da produção rural a valorização da pecuária
com manejo do campo nativo, juntamente com o planejamento regional, o
zoneamento ecológico-econômico e o respeito aos limites ecossistêmicos
são o caminho para assegurar a conservação da biodiversidade e o
desenvolvimento econômico e social.
O Pampa é uma das áreas de campos temperados mais importantes do planeta.
Cerca de 25% da superfície terrestre
abrange regiões cuja fisionomia se caracteriza pela cobertura vegetal
como predomínio dos campos – no entanto, estes ecossistemas estão entre
os menos protegidos em todo o planeta.
Na América do Sul, os campos e pampas se
estendem por uma área de aproximadamente 750 mil km2, compartilhada por
Brasil, Uruguai e Argentina.
No Brasil, o bioma Pampa está restrito
ao Rio Grande do Sul, onde ocupa 178.243 km2 – o que corresponde a 63%
do território estadual e a 2,07% do território nacional.
O bioma exibe um imenso patrimônio
cultural associado à biodiversidade. Em sua paisagem predominam os
campos, entremeados por capões de mata, matas ciliares e banhados.
A estrutura da vegetação dos campos – se
comparada à das florestas e das savanas – é mais simples e menos
exuberante, mas não menos relevante do ponto de vista da biodiversidade e
dos serviços ambientais. Ao contrário: os campos têm uma importante
contribuição no sequestro de carbono e no controle da erosão, além de
serem fonte de variabilidade genética para diversas espécies que estão
na base de nossa cadeia alimentar.
Pampa - Ministério do Meio Ambiente
www.mma.gov.br/biomas/pampa
O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade. As paisagens naturais do Pampa se caracterizam pelo predomínio dos campos ...
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